Prepare-se, leitor: o PSOL de Mato Grosso do Sul, aquele mesmo que prega ética, justiça social e combate à “velha política”, acaba de protagonizar um episódio digno das práticas mais escancaradas do fisiologismo que tanto critica. No centro da nova polêmica está o presidente estadual da sigla, Lucien Rezende, que, segundo apuração exclusiva do Política Voz, teria feito do partido uma espécie de empresa familiar — com repasses generosos, contratos suspeitos e uma ligação matrimonial que levanta mais que apenas sobrancelhas.
O enredo começa em 2024, quando uma empresa com o nome fantasia “Nan” surge no cenário comercial sul-mato-grossense. A razão social registrada? Kawe Lucas de Carvalho Carneiro. Mas o que chama atenção mesmo não é o nome exótico, e sim o sobrenome de quem está por trás dos contratos: a responsável pela empresa é Poliana Carneiro, nora de Lucien, casada com seu filho Raphael Rezende.

A empresa foi aberta no mesmo ano em que começou a receber repasses superiores a R$ 150 mil, oriundos de… adivinhe: do próprio partido PSOL, presidido por ninguém menos que o pai do marido da beneficiária.
Coincidência? Amor à prestação de serviço? Ou só mais uma velha prática com um verniz progressista?

Filho premiado: cargo público e contratos partidários

Mas a coisa não para por aí. O filho de Lucien, Raphael Rezende, hoje ocupa um cargo comissionado como Secretário de Gestão Participativa na prefeitura de Presidente Figueiredo, no Amazonas. Isso mesmo: enquanto os recursos do PSOL-MS fluem para uma empresa ligada à sua esposa, Raphael desfruta de uma boquinha administrativa a mais de 2 mil quilômetros de distância.
Seria esse o novo modelo de militância à distância?
Aparelhamento escancarado e silêncio cúmplice
A reportagem tentou contato com integrantes do diretório estadual e nacional do PSOL, mas — como era de se esperar — ninguém quis comentar sobre os repasses, tampouco sobre o potencial conflito de interesses que envolve a família Rezende. A prática, no entanto, contraria frontalmente os princípios básicos de governança e transparência que o partido insiste em exigir dos demais.
Onde há fumaça, há farra
Tudo leva a crer que Lucien Rezende operou um verdadeiro aparelhamento partidário, utilizando a estrutura do PSOL para beneficiar diretamente sua família. Ao que tudo indica, o partido em Mato Grosso do Sul virou extensão do lar dos Rezende. E o mais curioso: mesmo com todo esse imbróglio, a empresa “Nan” permanece ativa, como se fosse absolutamente natural que uma empresa recém-nascida fature cifras tão expressivas — e sempre do mesmo cliente: o partido do sogro (ou melhor, do pai do marido).
Próximo capítulo: o império Rezende no Amazonas
A atuação de Raphael no Amazonas também merece atenção especial. O Política Voz já está apurando como e por que o filho do presidente do PSOL-MS ganhou um cargo comissionado a centenas de quilômetros de Campo Grande. Mas essa história cabeluda, digna de uma minissérie, fica para o próximo capítulo.
Por ora, resta ao eleitor sul-mato-grossense o desconforto de saber que enquanto gritam “fora corrupção”, nos bastidores a festa corre solta — com buffet servido à mesa da própria família.