Na tentativa desesperada de lacrar nas redes sociais com vídeos de “fiscalização performática”, o vereador Fábio Rocha (União Brasil) conseguiu um feito raro: viralizar como exemplo de total desconhecimento técnico. Em mais um episódio da série “Aprendendo Obras com Quem Nunca Pegou numa Pá”, o parlamentar publicou um vídeo indignado com a operação tapa-buracos da Prefeitura de Campo Grande. O motivo? A aplicação de um material que ele, do alto da sua “experiência”, chamou de “farelo”.
“Essa é a nova modalidade, praticamente um farelo que estão colocando nos buracos da nossa cidade”, reclamou Rocha, provavelmente achando que asfalto nasce pronto igual miojo. O tal “farelo” tem nome, vereador: bica corrida. Trata-se de um composto amplamente utilizado em engenharia viária, formado por brita, pedrisco e pó de pedra. Ou seja, não é poeira de obra, é técnica de verdade — coisa que, ao que parece, não chegou até o gabinete do parlamentar.
A bica corrida é uma etapa essencial da pavimentação, servindo como base para dar resistência antes da aplicação da capa asfáltica. É como reclamar que estão passando argamassa antes de colocar o piso. E Fábio Rocha, como um verdadeiro engenheiro de internet com diploma do TikTok, soltou mais uma pérola: “Na minha opinião e experiência que eu tenho, não vai resolver a situação da nossa cidade”. Que experiência, vereador? Pintar meio-fio e fazer stories?
Um morador do Jardim Tijuca, bairro onde o vídeo foi gravado, mandou na lata: “Ele é especialista em pedir voto. Pra resolver problema, até agora, só barulho.” O cidadão ainda ironizou a postagem do vereador, chamando o vídeo de “Fake News para gerar engajamento”. E não parece mentira: o político parece mais interessado em colher likes do que em entender minimamente do que está falando.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura, sem tempo para aula particular, explicou que a bica corrida é uma solução emergencial, usada justamente para impedir que os buracos virem cratera até a aplicação definitiva do asfalto. É simples: ou aplica bica corrida agora, ou espera o buraco virar piscina pública.
Fica a dúvida: o vereador está mesmo mal informado, ou decidiu bancar o ignorante útil em nome do engajamento? De uma forma ou de outra, é triste constatar que a cidade paga salário para influencer de desinformação. Se o povo queria solução, parece que elegeu um youtuber de buraco.
