Muito além do empreendedorismo somente visto pelo viés econômico de abertura de empresa, a Educação Empreendedora é capaz de formar e transformar a vida dos estudantes, colaborar para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, além de estimular o protagonismo em diversas faixas etárias. Neste sentido, o Sebrae vem desenvolvendo, em Mato Grosso do Sul, soluções na temática desde 2014 e, em 2022, atingiu um recorde de atendimentos: foram mais de 46 mil alunos alcançados com aplicação dessa metodologia em sala de aula. O resultado é 46% superior em relação ao ano anterior.
O trabalho é desenvolvido pelo Sebrae/MS, em parceria com as redes municipais e estadual de ensino, além das escolas particulares interessadas. A instituição oferece mais de 50 soluções e capacita os professores de acordo com a faixa etária e grau de escolaridade dos alunos, abrangendo o ensino Fundamental, Médio e Superior. Somente em 2022, quase seis mil docentes participaram das formações oferecidas.
Uma das instituições de ensino alcançadas foi a Escola Municipal Jamic Polo, localizada na zona rural do município de Terenos (MS). Por meio da metodologia Projeto Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEPP), houve uma transformação na rotina dos estudantes, que passaram a descobrir oportunidades com o empreendedorismo, segundo afirma a diretora da escola, Fernanda dos Santos Martins Hayakawa.
“Tínhamos o grande desafio de desenvolver habilidades e práticas pouco trabalhadas com pessoas que residem em sítios e fazendas. Visualizamos uma luz que veio clarear a ideia e o futuro de muitos jovens. Trata-se do JEPP, projeto que as escolas de Terenos, por incentivo do Departamento de Educação resolveram participar. Os professores conseguiram ensinar o empreendedorismo com maestria, mesmo que muitos deles não sejam empreendedores”, contou Fernanda dos Santos.
A diretora observou de perto a dedicação dos estudantes ao criarem os produtos da chamada “Feirinha do JEPP”, momento em que eles têm a oportunidade de apresentar à comunidade o que foi desenvolvido em sala de aula, a partir da metodologia de educação empreendedora. Fernanda conta que os estudantes do meio rural descobriram a capacidade de ir além ao fabricar velas, por exemplo, e ficaram encantados com o mundo do aprender e empreender.
“Pequenos no tamanho, mas gigantes na potencialidade de criar. Eles evoluíram e viram que ao derreter uma base glicerinada e misturar uma essência com ervas abre-se caminho para um grande produto. Viram que o falar e o demonstrar, resulta no empreender. Palavra difícil, que foge ao cotidiano destes pequenos, mas que a capacidade se faz presente. Em uma feira, na própria escola, demonstraram à comunidade que a dificuldade ficou de lado”, concluiu.
Em Rio Verde, as Escolas Municipais Dr. Cesar Galvão, Mariza Ferzelli, Aurelino Ataíde de Brito, José Duailibi e Crescêncio de Abreu também foram destaque na educação empreendedora, com ações desde a Educação Infantil até a modalidade Ensino de Jovens e Adultos (EJA), conforme apontou a coordenadora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes (SEMEC), Patrícia Pereira Moisés.
“Na creche, por exemplo, os professores passaram a trabalhar com elementos do Pantanal para a alfabetização, no intuito de que as crianças desenvolvessem a identidade local e pudessem se reconhecer como ‘pantaneiras’. Nas escolas, o trabalho abordado foi a reciclagem e o reaproveitamento de óleo. No EJA, pessoas de idade avançada também resolveram voltar às salas de aula e agora aprendem o que é realmente o empreendedorismo, facilitando até mesmo no seu orçamento familiar”, detalhou.
Ao implementar projetos voltados para estimular o empreendedorismo em sala de aula, as escolas também impactam na comunidade ao redor. Na Escola Municipal José Duailibi, por exemplo, foi desenvolvido o projeto “Quintal de Ideias”, com o objetivo de despertar nos estudantes a ressignificação dos espaços ociosos e a utilização dos frutos regionais que seriam descartados, gerando uma fonte de renda para as famílias.
“Os alunos trabalharam nos espaços ociosos da escola, ornamentando o jardim e criando ‘cantinhos’ com hortaliças e temperos. Também foram instigados a pensar no que teríamos no bairro, de fácil acesso, que pudesse gerar renda. Perceberam que havia uma grande quantidade de mangueiras com frutos sendo descartados. Eles decidiram utilizá-los na fabricação de doces e polpas, pesquisaram receitas e montaram um livro. Os professores planejaram aulas práticas para que os estudantes executassem as receitas selecionadas”, contou a diretora da escola, Sirlei Rodrigues Chagas Benites.
Terenos e Rio Verde são municípios que recebem as soluções do programa Educação Empreendedora, por meio de outra iniciativa do Sebrae/MS: o Cidade Empreendedora. Com o objetivo de promover o desenvolvimento local das cidades participantes, um dos principais eixos trabalhados por esse programa é Educação com a proposta de fomentar o empreendedorismo nas escolas e apresentar às crianças e adolescentes o empreender como uma oportunidade de desenvolver novas habilidades, além de possibilidade de carreira.
Ao todo, no último ano, 33 municípios pertencentes ao Cidade Empreendedora foram atendidos com soluções no âmbito educacional, sendo a principal delas o JEPP. No total, cerca de 38 mil estudantes foram beneficiados com as iniciativas nas cidades participantes do programa, o que corresponde a 82% do número total de alunos atendidos pelo Sebrae no âmbito da Educação Empreendedora em 2022.
Dentre os municípios atendidos, além de Terenos e Rio Verde de Mato Grosso, estão: Amambai, Água Clara, Bataguassu, Batayporã, Bela Vista, Bandeirantes, Caarapó, Camapuã, Chapadão do Sul, Corumbá, Costa Rica, Coxim, Dourados, Inocência, Jaraguari, Jardim, Maracaju, Naviraí, Nioaque, Nova Alvorada do Sul, Nova Andradina, Paraíso das Águas, Pedro Gomes, Ponta Porã, Porto Murtinho, Ribas do Rio Pardo, Rio Brilhante, Santa Rita do Pardo, Selvíria e Sonora.
Como funciona?
Atuando em parceria com as instituições de ensino, os professores são capacitados pelo Sebrae para que possam desenvolver o conhecimento junto aos alunos. Dessa forma, os professores passam a atuar efetivamente como agentes de mudanças e parceiros na criação de novas possibilidades.
As instituições podem optar por diversas metodologias de acordo com o nível de ensino que o estudante se encontra. Para o Ensino Fundamental, é ofertado a metodologia do JEPP, enquanto no Ensino Médio são quatro opções: Crescendo e Empreendendo; Despertar; e Jovem Empreender no Campo. No Ensino Superior, estão disponíveis projetos como: Desafio Universitário Empreendedor; Disciplina de Empreendedorismo e Inovação; Palestras de Empreendedorismo; Projeto de Extensão em Negócios de Impacto Social; Programa de Mentoria Smart Hacklab.
xPara participar, as instituições de ensino devem cumprir alguns requisitos, como ter sede em Mato Grosso do Sul e ser credenciada no Ministério da Educação (MEC), além de ter disponibilidade de agenda e espaço físico para realizar as capacitações dos professores. Mais informações podem ser obtidas por meio do número 0800 570 0800 ou pelo e-mail educacaoempreendedora@ms.sebrae.com.br.