Uma operação de rotina na Penitenciária Regional de Cereso, em Cambyretá, acabou revelando um plano macabro de execução contra Alexandre Rodríguez Gomes, filho do falecido deputado colorado Eulalio “Lalo” Gomes — morto em um violento confronto com a polícia paraguaia em Pedro Juan Caballero.
Durante a vistoria, agentes penitenciários descobriram duas armas de fogo que teriam sido introduzidas clandestinamente no presídio: um revólver calibre .38 e uma pistola calibre .22, além de 28 cartuchos de munição. As armas estavam escondidas na cela de Pascual Benítez Miranda, de 41 anos, condenado a 26 anos de prisão e apontado como um dos pistoleiros mais temidos de Caazapá.
Segundo o jornal ABC Color, o arsenal seria utilizado em um atentado contra Alexandre, que atualmente cumpre pena no setor conhecido como “Ranchería”, uma ala de luxo da penitenciária destinada a detentos de alto poder aquisitivo ou com ligações políticas.
A cela onde o armamento foi encontrado fica no pavilhão “A Alta”, controlado por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do Brasil. Benítez é acusado de atuar como assassino de aluguel a serviço do grupo, e sua ficha criminal inclui crimes de alto impacto no Paraguai.
Entre os homicídios atribuídos a ele está a execução a sangue frio de dois policiais em 2016, além do assassinato do vereador Nelson Javier Vera Villar, do Partido Liberal, ocorrido em 2015 — um crime que chocou o meio político do país. Ele também é suspeito de ter matado o empresário Carlos Jorge Delvalle Lugo, conhecido como “Carlos Gordo”, executado em plena luz do dia, no interior de sua lanchonete, em setembro do ano passado, no bairro San Jorge.
Durante a mesma varredura, agentes também revistaram a cela de Ronal Javier Núñez, de 28 anos, e apreenderam um celular que, segundo as autoridades, pode conter provas cruciais sobre o plano de ataque contra o herdeiro político de “Lalo” Gomes.
O episódio escancara a fragilidade do sistema penitenciário paraguaio e reforça as denúncias de que o Cereso se transformou em um verdadeiro quartel-general do crime organizado, onde facções rivais disputam poder mesmo atrás das grades — e com acesso a armas de fogo.
A investigação segue em andamento, e novas diligências deverão ser realizadas nos próximos dias para esclarecer quem está por trás da tentativa de assassinato e quais conexões externas podem ter facilitado a entrada do armamento no presídio.