A Justiça de Sidrolândia decidiu manter a prisão preventiva do ex-vereador de Campo Grande e ex-secretário de Finanças da cidade vizinha, Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho, conhecido como Claudinho Serra. A medida foi tomada para impedir que ele continuasse ocultando bens e dificultando a recuperação do dinheiro supostamente desviado em esquemas de fraudes em licitações públicas.
A decisão foi assinada pelo juiz Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, e teve como base o risco real de que Claudinho pudesse dilapidar o patrimônio obtido de forma ilícita, tornando impossível qualquer tipo de ressarcimento ao erário.
Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), Claudinho teria adotado uma série de manobras para esconder sua verdadeira fortuna, usando familiares como laranjas e movimentando grandes quantias em espécie — o que dificultaria o rastreamento judicial.
O MP apontou, ainda, indícios de esvaziamento bancário proposital, além de um padrão de vida considerado incompatível com sua renda oficial. Apesar de, em maio do ano passado, uma ordem judicial ter bloqueado seus bens, a conta bancária do ex-vereador apresentava um saldo de apenas R$ 410,62 — valor que contrasta fortemente com o aluguel de R$ 10 mil do apartamento de alto padrão onde ele residia, no bairro nobre Jardim dos Estados, e com o uso de uma Toyota SW4 registrada em nome de uma empresa, apontada como blindagem patrimonial.
A Justiça também destacou que Claudinho usava mãe, irmã e esposa para movimentar recursos de origem duvidosa. A esposa dele, Mariana Camilo Serra, inclusive, aparece como sócia de uma empresa médica supostamente utilizada como fachada, que recebeu repasses de empresas já investigadas por ligação com o esquema fraudulento.
Outro ponto que chamou atenção foi a evolução patrimonial acelerada de Claudinho. Em apenas dois anos, seu patrimônio declarado saltou de R$ 223 mil em 2020 para R$ 750 mil em 2022 — fora um misterioso “empréstimo” de R$ 1 milhão que não passou por banco ou financeira, o que levantou suspeitas de ser uma operação fictícia.
Além disso, os promotores encontraram gastos considerados de luxo, como:
R$ 7.820 pagos a um buffet infantil, sendo R$ 6.600 em espécie;
Pix de R$ 5 mil para loja de artigos de couro;
Compra de terrenos no valor de R$ 42 mil, sem comprovação da origem dos recursos.
Na decisão, o juiz foi claro: as ações de Claudinho indicam uma sofisticada engenharia de ocultação patrimonial, com o uso de empresas de fachada e terceiros para burlar o rastreamento judicial. Por isso, a prisão é considerada necessária para garantir a ordem pública, a continuidade das investigações e impedir novos prejuízos aos cofres públicos.
Enquanto isso, a população assiste atônita a mais um capítulo de um escândalo que, segundo o MP, ainda pode revelar novas ramificações e nomes envolvidos.