Se existisse um reality show chamado “Igreja: Guerra de Tronos”, o episódio mais recente teria nome e sobrenome: Wilton Acosta. Investigado por desviar mais de R$ 200 mil, o pastor — que parece ter mais vocação para política de bastidor do que para pregação — através de um possível golpe e se reelegeu presidente do Conselho de Pastores do Mato Grosso do Sul. Sim, isso mesmo: o homem que deveria estar se explicando à Justiça decidiu antecipar a eleição da entidade e ganhou no tapetão, estilo W.O. evangélico.
Fontes de dentro da entidade revelam que Acosta acelerou o pleito justamente para impedir a organização de outras candidaturas. Uma manobra clássica de quem não quer correr riscos e prefere ganhar no grito. A jogada suja provocou revolta entre lideranças sérias e comprometidas com a fé —e o atual presidente do Conselho Municipal de Campo Grande, que se recusou desde o início a participar dessa farsa institucional.
Entenda a treta gospel que começou nesta semana
A estratégia foi tão descarada que levou o presidente do Conselho Municipal de Campo Grande, apóstolo Gladiston (o Dinho), a publicar uma nota oficial em um grupo de WhatsApp, informando que a maior base pastoral do Estado não enviaria delegados para a votação. Segundo Dinho, a antecipação foi irregular — e a manobra escancarava o desespero de Acosta, que parece mais preocupado em agarrar o poder do que em pregar o evangelho.

O estopim da treta? A Marcha para Jesus. Durante quase uma década, o evento era coordenado por Acosta, que tratava o ato como vitrine política e extensão do próprio ego. Mas este ano, a organização foi entregue a Dinho. A perda da marcha atingiu Acosta em cheio, e desde então o clima entre os dois virou um verdadeiro campo de batalha. O resultado: processo disciplinar contra Acosta no Conselho de Ética, acusações de uso político do cargo e troca de farpas nos bastidores da fé.
Ironia das ironias: o próprio Acosta foi quem articulou para colocar Dinho na presidência do Conselho Municipal tempos atrás, numa jogada para barrar a ascensão de um rival de peso — o pastor Domício Júnior. Mas o plano saiu pela culatra. Hoje, é Dinho quem lidera o levante contra Acosta, que agora é visto como símbolo do desvio ético dentro da cúpula evangélica sul-mato-grossense.
Enquanto o povo nas igrejas busca fé, consolo e espiritualidade, os bastidores do Conselho viraram um circo de vaidades, interesses e manobras políticas. A eleição desta quinta-feira, marcada pela ausência de Campo Grande, já nasceu sem legitimidade. Acosta pode até ter “vencido”, mas sua reeleição está longe de representar qualquer vitória moral.
No fim das contas, o que deveria ser uma liderança pastoral virou uma versão gospel do velho coronelismo político. E quem assiste de fora se pergunta: até quando os fiéis vão tolerar tanta santidade de fachada?
Porque, no momento, o único milagre é Wilton Acosta ainda estar no comando.