Presidente da UCVMS teme perder a eleição e nova gestão pode abrir a caixa-preta e colocá-lo em maus lençóis

A eleição para a presidência da União de Câmaras de Vereadores de Mato Grosso do Sul (UCVMS) acontece nesta quarta-feira (2) e o atual presidente, Jeovani Vieira (PSDB), está no olho do furacão. Acusações de manobras escusas e irregularidades financeiras pairam sobre sua gestão, enquanto opositores alertam que uma eventual derrota pode revelar um verdadeiro escândalo nos bastidores da entidade.

Quatro vereadores ouvidos pelo Política Voz, sob anonimato, afirmam que Jeovani teme a derrota porque uma nova gestão poderá abrir a “caixa-preta” da UCVMS, expondo possíveis irregularidades que vão muito além do que se imagina. Um dos parlamentares destacou a “farra dos seminários”, eventos que arrecadam quantias expressivas, mas cuja prestação de contas não explica por que a UCVMS está atolada em dívidas e com múltiplas contas atrasadas.

Outra fonte revelou um fato ainda mais alarmante: a UCVMS sequer está emitindo certidões, impossibilitando diversas transações administrativas. Para essa fonte, a culpa recai diretamente sobre Jeovani, a quem acusa de gestão incompetente e negligente.

As suspeitas não param por aí. Para tentar se perpetuar no comando, Jeovani teria imposto uma regra para barrar votos de vereadores recentemente filiados — exigindo mais de seis meses de vinculação para ter direito ao voto. No entanto, em um flagrante contrassenso, ele teria permitido que ex-vereadores participassem da votação, supostamente garantindo sua reeleição com votos de 140 ex-mandatários.

A estratégia política de Jeovani levanta ainda mais suspeitas quando se observa o éxodo de Câmaras Municipais da UCVMS. Das 79 câmaras do estado, apenas 29 permanecem filiadas — um colapso drástico comparado ao passado, quando mais de 60 eram associadas. O caso mais emblemático é o da Câmara de Campo Grande, que se desligou da UCVMS após recomendação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que proibiu repasses financeiros devido à falta de certidão negativa e transparência.

“O Tribunal de Contas proibiu o repasse porque não tinha certidão negativa, não prestava contas, não fazia nada. Aí o TCE recomendou não passar. Eu, com receio de ter que devolver isso, não repassei. Algumas Câmaras não tiveram essa recomendação e pagavam. Eu suspendi o pagamento”, afirmou Carlão (PSB), primeiro secretário da Câmara de Campo Grande.

Não bastasse o desgaste político e a queda de credibilidade da UCVMS, Jeovani enfrenta ainda uma ação judicial. A 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande aceitou uma denúncia contra ele por supostas irregularidades na prestação de contas da entidade em 2021. O Ministério Público apontou falhas graves no montante de R$ 164,1 mil, com pagamentos sem comprovação e falta de notas fiscais. Jeovani se defende, alegando que tais práticas já eram comuns antes de sua gestão, mas a oposição não engole essa justificativa.

Com uma gestão marcada por polêmicas, o futuro de Jeovani Vieira à frente da UCVMS é incerto. Ele disputará a eleição contra Daniel Júnior (PP) e Coringa (MDB), vereadores de Dourados/Campo Grande, que representa a oposição e promete uma administração transparente e sem apadrinhamentos. Resta saber se Jeovani conseguirá manter seu império ou se a era das sombras na UCVMS está prestes a chegar ao fim.

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