Pâmela Myrela, de 31 anos, faleceu na madrugada desta terça-feira (21) na Santa Casa de Campo Grande. Ela estava internada desde o último domingo (19), após ser vítima de um ataque cruel na Vila Carvalho, em Campo Grande, onde teve o corpo incendiado. A morte foi confirmada por familiares às 5h30.
Pâmela, natural de Trindade, Goiás, teve sua mãe deslocada para Mato Grosso do Sul ao receber a trágica notícia. Em entrevista a mãe afirmou estar em choque e ainda avalia se o velório será realizado em Campo Grande ou na cidade natal da vítima.
Ataque foi motivado por discussão em boate
Segundo o relato de uma amiga de Pâmela, de 26 anos, o ataque foi resultado de uma briga ocorrida em uma boate no sábado (18). A vítima estava no local com amigos quando duas travestis, aparentemente alteradas e sob efeito de drogas ou álcool, chegaram procurando confusão. Durante a madrugada, um desentendimento entre elas escalou para agressões físicas, levando à expulsão das suspeitas pelos seguranças do estabelecimento.
Após o incidente, as suspeitas foram até um posto de combustível, compraram gasolina e seguiram até a casa de Pâmela. No local, chamaram por ela no portão e, assim que a vítima apareceu, lançaram combustível em seu corpo e atearam fogo.
Corpo queimado e socorro tardio
A amiga da vítima relatou à polícia que, após ir até sua própria casa para trocar de roupa, retornou à residência de Pâmela e encontrou a travesti parada na porta, em choque e com o corpo completamente queimado. Apesar das condições críticas, Pâmela pediu que sua amiga resgatasse seu cachorro, que estava dentro da casa parcialmente incendiada.
Pouco depois, as suspeitas retornaram ao local, gritando, o que levou a amiga a fugir. A vítima ainda conseguiu pedir socorro, mas, antes da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ela teria pedido um cigarro, demonstrando sua força apesar do sofrimento extremo.
Pâmela foi levada ao hospital com 90% do corpo queimado e permaneceu intubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu. As queimaduras também comprometeram gravemente seu sistema respiratório.
Prisão das suspeitas
As duas travestis suspeitas do ataque foram presas em flagrante na madrugada de segunda-feira (20). A polícia encontrou a dupla dormindo em um pensionato no bairro Amambaí, local indicado por uma testemunha. Uma delas, identificada como possível mandante do crime, nega envolvimento direto, afirmando que apenas aluga quartos no pensionato. Contudo, a polícia segue investigando sua possível relação com o ataque.
Histórico de conflitos
De acordo com a amiga de Pâmela, a vítima já tinha desavenças judiciais com a suposta mandante do crime, embora a motivação exata do ataque ainda não tenha sido esclarecida. Além disso, uma das suspeitas está envolvida em outro caso polêmico: a morte de um caminhoneiro em um motel na Vila Taveirópolis há 12 dias. Na ocasião, houve uma briga por conta do valor de um programa sexual, mas a polícia acredita que o óbito foi causado por razões naturais.
Investigação segue em andamento
O caso está sob apuração da Polícia Civil, que busca determinar a real motivação do crime e as responsabilidades de cada envolvido. A brutalidade do ataque chocou a comunidade local e trouxe à tona questões urgentes sobre segurança e intolerância. Enquanto a investigação avança, a família de Pâmela ainda enfrenta o luto e a dor de uma perda irreparável.