Uma denúncia explosiva publicada pela revista Veja coloca a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) no centro de um suposto esquema de extorsão envolvendo empresários do setor de apostas. A parlamentar, que atua como relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga sites de apostas no Senado, nega qualquer participação, mas admite saber da existência do esquema.
De acordo com a Veja, o esquema seria liderado por Sílvio de Assis, um lobista conhecido nos bastidores de Brasília. A estratégia era simples, mas audaciosa: parlamentares apresentavam requerimentos convocando empresas para prestar depoimentos na CPI. Em seguida, o lobista entrava em ação, abordando os empresários e oferecendo sua “influência” para reverter as convocações, mediante pagamentos milionários. Um dos empresários relatou ter sido pressionado a pagar R$ 40 milhões para evitar ser convocado, fato que já está sob investigação da Polícia Federal.
Bate-boca acirra tensão na CPI
O clima tenso da CPI ganhou notoriedade durante um embate entre Soraya Thronicke e o senador Ciro Nogueira (PP-PI). A senadora insinuou que a falta de regulamentação do setor na gestão do ex-presidente Bolsonaro deveria ser investigada, provocando uma reação imediata de Nogueira, que era ministro da Casa Civil no governo anterior.
“Daqui a pouco, é a senhora que terá de prestar muitas explicações aqui”, disparou Ciro, em tom ameaçador. Pouco depois, ele procurou o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para relatar que algo “muito grave” ocorria nos bastidores da CPI.
A conexão de Soraya com o lobista
O nome de Sílvio de Assis, figura controversa em Brasília e com um histórico de envolvimento em escândalos, surgiu como peça-chave na denúncia. Sílvio já foi preso em 2018 por venda de registros sindicais e é conhecido por sua proximidade com parlamentares de diferentes partidos.
Embora Soraya negue envolvimento direto com o esquema, sua relação com o lobista levanta suspeitas. Segundo a Veja, ela frequentava a casa de Sílvio no Lago Sul, em Brasília, e chegou a passar o réveillon de 2021 para 2022 com ele. Além disso, há registros fotográficos que mostram a senadora apresentando Sílvio ao então procurador de Justiça de Mato Grosso do Sul, Alexandre Magno Benites de Lacerda, durante uma visita a Campo Grande.
Defesa de Soraya Thronicke
Em sua defesa, Soraya afirmou que seu nome estaria sendo usado indevidamente por criminosos. Segundo a senadora, ela recebeu um áudio de um empresário convocado para depor, no qual era pedido R$ 100 milhões para que ele não fosse intimado por ela. Soraya garante ter encaminhado a denúncia à Polícia Federal, mas não revelou os nomes envolvidos.
Um esquema com alcance nacional
A denúncia revela o alcance e a sofisticação do esquema de extorsão, com possíveis ramificações em diferentes níveis do poder legislativo. Apesar de não acusar Soraya diretamente, Ciro Nogueira questionou sua proximidade com Sílvio de Assis, insinuando que a senadora tinha conhecimento das práticas ilícitas.
Enquanto as investigações continuam, a CPI e sua relatora enfrentam uma crescente pressão. As revelações colocam em xeque a credibilidade da comissão e levantam dúvidas sobre a influência de interesses privados nos trabalhos parlamentares.
Silêncio e mistério
Sílvio de Assis, quando procurado, desconversou e limitou-se a dizer que está produzindo um documentário sobre o mercado de apostas no Brasil. O silêncio das partes envolvidas só alimenta a especulação sobre a extensão do esquema e os nomes que ainda podem surgir.
Essa é mais uma polêmica que sacode o Congresso Nacional, trazendo à tona não apenas os bastidores da política, mas também as ligações perigosas entre o poder público e interesses privados. Até onde isso irá? O Brasil aguarda respostas.