Justiça nega terceiro pedido de Claudinho Serra para tirar tornozeleira em ação por corrupção

A Justiça rejeitou, pela terceira vez, o pedido do vereador licenciado de Campo Grande, Claudinho Serra (PSDB), para a retirada da tornozeleira eletrônica. Serra está sob monitoramento desde 26 de abril, após deixar a prisão, onde ficou por 23 dias.

O primeiro pedido para a retirada ocorreu em maio, poucas semanas depois de sua soltura. Em outubro, a defesa insistiu novamente, faltando pouco tempo para o término do prazo inicial.

Envolvimento na Operação Tromper

Claudinho Serra foi preso durante a terceira fase da Operação Tromper, que investiga um esquema de corrupção em Sidrolândia, cidade a 70 km de Campo Grande. Na época, ele ocupava o cargo de secretário de Fazenda durante a gestão de sua sogra, a prefeita Vanda Camilo (PP). Serra é apontado como líder do esquema de corrupção.

O mais recente pedido da defesa foi analisado pelo desembargador José Ale Ahmad Netto, relator do caso no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). Apesar de provisória, a decisão mantém o monitoramento, e o caso será avaliado pelo colegiado da 2ª Câmara Criminal do tribunal.

Na decisão, o magistrado destacou que o monitoramento eletrônico “não se mostra desarrazoado” e que o cumprimento das medidas cautelares por Serra não é motivo suficiente para a retirada do equipamento.

Defesa aponta ausência de novos crimes

O advogado de Serra, Tiago Bunning Mendes, argumentou que os crimes atribuídos ao vereador terminaram em novembro de 2023 e que ele não cometeu novos delitos desde então.

Mesmo assim, no fim de outubro, o juiz Fernando Moreira Freitas da Silva, responsável pelo processo da Operação Tromper, prorrogou por mais seis meses o uso da tornozeleira. Assim, o vereador deverá permanecer com o dispositivo até abril de 2025, caso não haja nova decisão judicial.

O juiz ressaltou os prejuízos sociais causados pelo esquema liderado por Serra. “Os crimes violaram o caráter competitivo de processos licitatórios, desviando recursos públicos e causando prejuízo vultuoso ao erário, o que afeta toda a sociedade”, afirma trecho da decisão.

Histórico de tentativa de evasão de medidas

Mesmo após a primeira fase da Operação Tromper, os crimes continuaram. Claudinho Serra alegou que possui um “emprego lícito” como vereador, cargo que deixou de exercer desde 2 de abril. Após sua prisão, ele tirou uma licença remunerada de 120 dias e, desde então, vem apresentando atestados médicos para não comparecer à Câmara Municipal.

Em contrapartida, outros investigados conseguiram progressos. O empresário e advogado Milton Matheus Paiva, por exemplo, teve a tornozeleira retirada após firmar um acordo de delação premiada com a Justiça.

Relação política e trajetória no PSDB

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) é contrário à retirada do monitoramento, apontando que Serra mantém uma “dependência de cargos políticos”.

Serra tem histórico próximo da cúpula do PSDB. Em 2016, foi convidado pelo então governador Reinaldo Azambuja para coordenar campanhas municipais. Posteriormente, atuou em assuntos políticos de Campo Grande, sob a articulação de Sérgio de Paula.

Em 2020, Claudinho Serra disputou sua primeira eleição e obteve 3.616 votos, ficando como segundo suplente do PSDB. Assumiu o mandato em definitivo apenas em maio de 2023, após a renúncia do titular Ademir Santana, que alegou querer focar na campanha eleitoral do partido. A vaga foi ocupada por Serra um mês antes da deflagração da Operação Tromper.

Com o prolongamento do uso da tornozeleira e o avanço das investigações, o futuro político de Claudinho Serra permanece incerto.

Crédito: Imagem Montagem Fato67

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