Em uma movimentação de desespero, a equipe da candidata Rose Modesto, em possível ação de última hora, teria solicitado os serviços do influenciador e ex-candidato a prefeito Pablo Marçal por SP para gravar um vídeo de apoio ao custo de R$ 5 mil. Enquanto a candidata Adriane conta com o respaldo direto do ex-presidente Jair Bolsonaro, Rose Modesto, por sua vez, evita associar-se publicamente ao presidente Lula e, para tentar salvar sua campanha, teria recorrido a Marçal, que é alvo de investigações por acusações de práticas controversas.
Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, anunciou em suas redes sociais uma oferta incomum: apoio político a candidatos a vereador que contribuíssem com um Pix de R$ 5 mil para sua campanha. Em um vídeo publicado em seu perfil no Instagram, Marçal explica que o processo envolve o preenchimento de um formulário, onde o candidato interessado insere seus dados, comprovante de pagamento e autoriza o uso de informações pessoais, como telefone e e-mail. Segundo ele, após a doação ser confirmada, sua equipe providenciaria um vídeo personalizado para impulsionar a campanha do doador.
A gravação causou polêmica e rapidamente chamou a atenção do PSB, que moveu uma ação alegando que Marçal estaria abusando de seu poder econômico e transformando a disputa eleitoral em uma prática comercial. “Pablo Marçal transformou as eleições de São Paulo num grande balcão de negócios, em puro business!”, argumentou o PSB na ação. O partido aponta que o influenciador estaria usando seu prestígio e visibilidade em troca de dinheiro, prática que, segundo eles, só é possível devido ao respaldo de um partido político.
Em uma das declarações no vídeo, Marçal orienta: “Eu quero te fazer uma pergunta. Você conhece alguém que quer ser vereador e é candidato — que não seja de esquerda, de esquerda não precisa avisar — ? Se essa pessoa é do bem e quer um vídeo meu para ajudar a impulsionar a campanha dela, essa pessoa vai fazer o quê? Ela vai mandar um Pix para a minha campanha, um Pix de R$ 5 mil. Fez a doação, eu mando o vídeo. Você vai clicar no formulário, cadastra, minha equipe vai entrar em contato.”
Além do pagamento, o formulário exigia a autorização para o envio de “ofertas de produtos e serviços” e “comunicações de caráter político”. O vídeo foi divulgado nos Stories do Instagram de Marçal em 28 de setembro, mas logo foi removido. A estratégia gerou indignação no PSB, que classificou a prática como “fraude abjeta”. Segundo a ação judicial, a proposta de Marçal representa um uso indevido de meios de comunicação social ao mercantilizar apoio político em redes sociais.
“O candidato emprestará apoio público em redes sociais apenas em troca de dinheiro. Isso significa que usará o prestígio que tem frente a eleitores de determinados perfis para realizar claro ato de uso indevido de meios de comunicação social porque, fraudando verdadeiramente a lei eleitoral, indicará o nome de alguém em troca de dinheiro. Não se pode mercantilizar o pleito dessa forma, sendo essa uma fraude abjeta contra o eleitor e que, por ser veiculada em redes sociais, importará também em uso indevido de meios de comunicação social”, afirmou o PSB em sua argumentação.