Em meio a uma grande polêmica, a prefeita de Jardim, Clediane Areco Matzenbacher, está sob os holofotes após demitir uma professora por denunciar a falta de ventiladores nas salas de aula. Ao mesmo tempo, ela autorizou o pagamento de R$ 200 mil para um show na Festa do Milho, no sábado (15), com recursos da Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico.
De acordo com o extrato de contrato administrativo, assinado no dia 4 de junho de 2024, o cantor Israel Novaes e sua banda foram contratados para a 3ª Festa do Milho, pelo valor total de R$ 200 mil. A assinatura do contrato foi feita por Mario Sergio Pache da Silva, secretário de turismo e desenvolvimento econômico do município.
Menos de duas semanas antes, a professora Cláudia Américo dos Reis, de 63 anos, foi exonerada, provocando uma onda de indignação entre vereadores, colegas docentes e pais de alunos. Cláudia e outros professores denunciam perseguição política e abuso, já que ela apenas estava cobrando melhorias nas condições de ventilação das salas de aula para o bem-estar dos alunos.
“Se você fecha a janela, seriam 32 crianças e eu respirando o mesmo ar. Se abre a janela, pega sol forte,” explicou Cláudia, que começou a fazer as reclamações em fevereiro deste ano para a diretora da escola. “Ela me disse: ‘eu não sou eletricista, não posso fazer nada'”, relatou a professora. Sem soluções à vista, Cláudia procurou a secretária de Educação. Como resposta, a turma foi transferida para o auditório da escola.
“Me tiraram do meu ambiente, fui sem armário e materiais, mas tinha conforto térmico”, comentou Cláudia. No entanto, sempre que havia eventos no auditório, a professora e os alunos tinham que voltar para a sala quente e desconfortável.
Na quinta-feira, 30 de maio, Cláudia conta que a diretora da escola falou rispidamente com os alunos, avisando que haveria um evento no auditório. Cláudia reclamou, pois sabia que voltariam a passar calor na sala de aula, mas obedeceu à ordem. Mais tarde, descobriu que o auditório seria usado pela prefeita Clediane, que está em campanha para a reeleição.
De volta à sala de aula, revoltada, Cláudia tirou fotos das cortinas improvisadas e levou à Secretaria de Educação. Em vez de receber apoio, foi acusada de usar o celular em sala de aula, algo proibido. Cláudia admitiu que agiu no calor do momento ao tirar as fotos, mas foi acusada pela diretora de agir de má-fé. Ela esclarece que foi exonerada, e não pediu demissão, diferente do que foi espalhado pela escola.
Esta situação levantou questões sérias sobre as prioridades e a gestão da prefeita, especialmente em tempos de eleições, e deixou a comunidade de Jardim em alerta e questionando os valores e decisões de seus líderes.