A prefeita de Jardim, Clediane Matzenbacher, tem um histórico conturbado, recheado de polêmicas que levantam muitas dúvidas. Recentemente, ela foi investigada por autorizar um empenho de quase um milhão de reais — exatos R$ 903.911,10 — para serviços de publicidade logo no começo de 2024. Além disso, Clediane acumula condenações por campanha eleitoral antecipada e é acusada de perseguição contra servidores municipais.
Seu nome sempre parece estar no centro de tempestades políticas, com decisões que não passam despercebidas e geram indignação. A comunidade de Jardim vê com desconfiança suas ações, especialmente quando o dinheiro público está envolvido em cifras tão altas e questionáveis. E os relatos de assédio contra funcionários da prefeitura só agravam essa imagem, pintando um cenário de autoritarismo e intimidação.
Para muitos, a atuação de Clediane à frente da prefeitura é marcada por uma série de controvérsias que dificultam a confiança em sua administração. As acusações de perseguição política e as decisões financeiras suspeitas alimentam um clima de incerteza e apreensão na cidade.
A demissão da professora Cláudia Américo dos Reis, de 63 anos, provocou indignação e comoção entre vereadores, colegas docentes e pais em Jardim, a 226 km de Campo Grande. Cláudia e seus colegas apontam que ela foi vítima de violência e perseguição política simplesmente por cobrar melhorias na ventilação da sala de aula para os alunos.
Cláudia tem uma trajetória respeitável na Educação e uma ligação profunda com a cidade. Seu pai, Paulo Américo dos Reis, era militar e foi transferido para abrir estradas em Jardim na década de 60, onde ela conheceu seu futuro marido. Ela também lecionou no campus da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) na cidade.
Após passar seis anos na Capital cuidando da mãe doente, Cláudia retornou a Jardim, onde foi aprovada em um processo seletivo para trabalhar com crianças de 9 a 14 anos na Escola Municipal Major Alberto Rodrigues da Costa. A sala de aula era pequena e o ar condicionado não funcionava.
“Se você fecha a janela, seriam 32 crianças e eu respirando o mesmo ar. Se abre a janela, pega sol forte”, explicou Cláudia, que começou a reclamar sobre a situação em fevereiro deste ano para a diretora da escola. “Ela me disse: ‘eu não sou eletricista, não posso fazer nada'”, relatou a professora. Sem solução, Cláudia levou o problema à secretária de Educação. Eventualmente, a turma foi relocada para o auditório da escola.
“Me tiraram do meu ambiente, fui sem armário e materiais, mas tinha conforto térmico”, comentou Cláudia. Contudo, quando havia eventos no auditório, professora e alunos tinham que voltar para a sala de aula abafada.
Na quinta-feira, 30 de maio, a diretora abordou os alunos de forma ríspida, informando que haveria um evento no auditório. Cláudia reclamou que passariam calor na sala, mas aceitou a decisão. Depois, soube que o auditório seria usado pela prefeita, Dra. Cleidiane, candidata à reeleição.
De volta à sala, Cláudia tirou fotos das cortinas improvisadas e levou à Secretaria de Educação. Em vez de acolherem a reclamação, a acusaram de usar celular em sala de aula, o que seria proibido.
Cláudia admite que agiu impulsivamente ao tirar as fotos, mas foi acusada de má fé pela diretora. Ela afirma que foi exonerada, não pediu demissão, contrariando o que foi divulgado na escola.
A demissão gerou revolta. Dois vereadores e o pré-candidato a prefeito de Jardim lamentaram a saída da professora, considerando o ato como violência política em retaliação às suas críticas.
A vereadora Jakeline Ayala denunciou o caso em um vídeo no Instagram. “Pediu para que arrumassem um lugar melhor ou consertassem o ar-condicionado. Conversou com a diretora e sabe o que fizeram? A mandaram embora”, desabafou.
O vereador Hans Muller também se indignou com a demissão. “Fica o meu repúdio. Ela estava brigando pelo direito das crianças, para manter a sala confortável. Foi exonerada por perseguição política.”
O advogado e pré-candidato a prefeito, Juliano Miranda, o Guga, criticou a decisão da prefeitura. “É inadmissível o que vem ocorrendo em Jardim. Não admitimos violência, e a violência política é pior. As funcionárias públicas de Jardim estão proibidas de se manifestar”, declarou.
“Não trabalho por dinheiro, amo o que faço e sou respeitada. Construí um nome. Quero preservar meu nome, a professora que sempre fui”, concluiu Cláudia.