Na última terça-feira (12), ocorreu mais uma triste situação envolvendo a família da gestante Luana Guimarães, 28 anos, que perdeu o bebê após oito meses de gestação. Além do luto, surgiram acusações de negligência e erro por parte da equipe médica da Maternidade da Santa Casa de Corumbá.
Os casos de mortes envolvendo mães e bebês continuam a se acumular, uma preocupação que foi destacada com exclusividade pelo ex-senador da república Delcídio do Amaral, que estava acompanhando de perto a situação de descaso na saúde do município.
No dia 8 de março, Luana Guimarães foi internada devido a febre sem causa definida e sangramento, em meio a uma gravidez de risco.
Na terça-feira, dia 12, de acordo com informações da maternidade, durante a transição do plantão noturno para o diurno, a equipe médica identificou a ausência de batimentos cardíacos no feto. Diante do diagnóstico de descolamento de placenta e sangramento uterino, o médico plantonista realizou uma cesariana, resultando na confirmação do óbito do bebê.
Michele Guimarães Rodrigues, de 34 anos, irmã de Luana, expressa a revolta da família diante da demora para realizar o parto, mesmo que prematuro, e pela falta de transferência da gestante para Campo Grande.
“Se eles tivessem tirado o bebê quando ela [Luana] disse que não tava bem, nada disso teria acontecido. Sempre falavam que poderia haver uma possibilidade de ela ir pra Campo Grande. Aí depois falava que não precisava porque não era de risco”, relatou Michele para um jornal local, nesta quinta-feira (14).
A Santa Casa de Corumbá declarou em nota que a necessidade de transferência para a capital foi avaliada pela equipe médica, concluindo que não era necessária. A instituição enfatizou que as transferências de pacientes para fora do local de origem ocorrem apenas por recomendação médica e, no caso em questão, não houve indicação dos profissionais de saúde para solicitar vaga em outro hospital de referência.
Para Michele Guimarães, os médicos falharam ao decidir esperar em vez de optar pela transferência, dada a condição delicada de sua irmã.
“Era uma médica que estava lá, ela entrou no quarto da minha irmã e disse que havia duas opções para ela. Ou ela ficava na maternidade até as 37 semanas para poder tirar o Teozinho, ou a segunda opção era ir para Campo Grande para ser internada lá e eles tirarem o bebê, porque era prematuro”, relatou Michele.
“Minha irmã teve descolamento de placenta, estava sangrando”, continuou a tia de Teo, indignada. “Agora essa médica vem dizer que não houve negligência, houve sim. Eles acabaram com a vida da minha irmã, nada do que disserem ou fizerem trará o bebê de volta para ela. Mas eu farei justiça, não ficarei calada para essas pessoas.”
A administração da Santa Casa de Corumbá afirmou que solicitou esclarecimentos aos médicos que atenderam a paciente e comunicou a Direção Técnica e Clínica para possível abertura de procedimento junto à Comissão de Ética.
“Destacamos que o Complexo Hospitalar da ABC é a única instituição hospitalar na região que atende pelo SUS, sendo referência para os municípios de Corumbá, Ladário e cidades fronteiriças da Bolívia. Reforçamos nosso compromisso com a saúde de toda a população”, concluiu a nota divulgada nesta quinta-feira.
O sofrimento de Luana Guimarães se soma ao de outras mães e familiares que passaram pela perda de bebês e defendem que isso poderia ter sido evitado com a presença de instalações adequadas e profissionais capacitados em Corumbá. Eles demandam a instalação de uma UTI Neonatal.
A denúncia foi feita com exclusividade para o jornalista Douglas Duarte do DDD67 e Rafael, do portal Política Voz. Na ocasião, o ex-senador chamou a atenção nas redes sociais ao expor o descaso do prefeito de Corumbá com a maternidade e o impacto trágico que isso vem causando no município.