A situação dos índios Yanomamis é séria e precisa de todas as políticas públicas necessárias, mas é possível perceber a politização do fato e uma certa desonestidade intelectual do governo atual. As fotos de índios com desnutrição severa impressionam, mas o que quase ninguém noticiou é que muitos deles vieram da Venezuela, fugindo do colapso econômico e social dos nossos vizinhos.
Grande parte do território Yanomami está localizado no sul do país de Nicolás Maduro, fazendo divisa com os estados de Roraima e Amazonas. Eles estão sofrendo com a crise política e humanitária da ditadura socialista e por isso buscam algum refúgio e assistência no Brasil. Contando todos os venezuelanos – indígenas ou não -, de janeiro de 2017 a março de 2022, o Brasil recebeu 325.763 venezuelanos que permaneceram aqui. Cerca de 750 pessoas atravessam para o lado brasileiros todos os dias.
Por mais que a esquerda esteja tentando usar essa crise contra o governo passado, o fato é que durante a gestão de Bolsonaro era enviado regularmente alimentos para os Yanomamis brasileiros. Em uma reportagem da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, publicada em dezembro de 2021, existe o registro do envio de 22,5 toneladas de alimentos a comunidades que vivem na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Foram entregues 1 mil cestas básicas a famílias indígenas em situação de vulnerabilidade social. Essas ações eram corriqueiras, sendo conduzidas pelas Forças Armadas.
No contexto da pandemia, a Funai investiu cerca de R$ 90 milhões em ações, entre elas a garantia da segurança alimentar das comunidades indígenas. Só em Roraima, foram quase R$ 3 milhões investidos e cerca de 10 mil cestas básicas entregues nas aldeias do Estado. Desde o início da pandemia foram distribuídas cerca 1,1 milhão de cestas de alimentos a mais de 200 mil famílias indígenas.
O que intriga é: em alguma reportagem foi perguntado para os “líderes” yanomamis onde foram parar os alimentos entregues? Existe uma tentativa clara de construir narrativas e não explorar todos os lados dessa situação.
Um outro ponto estranho é a subnutrição na reserva Yanomami. O território, no Brasil, tem o tamanho do estado de Pernambuco, que alimenta 9 milhões de pernambucanos; e a reserva dos índios tem 20 mil índios. Será que não tem peixe, não tem frutas, não tem terra para plantar? Não tem animal para comer?
Independente de quem tem a culpa, é preciso evidenciar o outro lado da moeda desse problema, que infelizmente ninguém mostra. É preciso, sim, agir, mas não com propaganda política.
JCO