Acadêmicos que cursam o último ano de medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) acionaram a Justiça para conseguirem ter o baile de formatura. Isso, porque a empresa de Santa Catarina contratada teria ‘sumido’ com mais de R$ 450 mil dos formandos.
Neste domingo (29), reportagem do ‘Fantástico‘ mostrou que a empresa Brave Brazil Formaturas e Eventos é acusada de não cumprir contratos com formandos. No site oficial, a empresa se apresenta como especialista em realizar as maiores e melhores formaturas de medicina no Brasil.
No entanto, o caso também aconteceu em Campo Grande, onde a turma de 45 alunos da UFMS precisou entrar com ação de tutela antecipada contra a empresa, na tentativa de minimizar os danos. A intenção é de recuperar dinheiro que ‘sumiu’ da conta da formatura.
Valores desapareceram
Na ação feita pelo advogado Leonardo Avelino Duarte e associados, é esclarecido que houve assembleia realizada pela comissão de formatura, para dar início à ação. Assim, a peça aponta que houve uma votação entre os formandos e a decisão de contratar a empresa Brave Brazil.
Ainda no site da empresa, eles afirmam que já realizaram mais de 3,5 mil eventos e que atendem mais de 200 mil clientes por ano. Então, a turma de medicina optou por firmar contrato com o grupo.
A partir daí, também são firmados os contratos individuais, sobre os valores a serem arrecadados para a festa de formatura. Cada formando pagava o boleto emitido pela empresa, sendo o valor depositado na conta corrente aberta exclusivamente para gerenciar esse dinheiro.
Então, até este mês de janeiro, os formandos já haviam arrecadado R$ 578.644,37. Porém, a presidente da comissão de formatura soube que a empresa descumpriu o contrato com a turma de medicina da Unicesumar. Com isso, os alunos acabaram sem a festa.
Por isso, a vítima decidiu verificar o andamento do contrato com a empresa Brave, consultando também o extrato da conta. Foi então que ela se deparou com um saldo muito inferior, R$ 36.537,09.
Ainda é apontado que houve movimentação da conta sem assinatura da presidente da comissão de formatura, ou seja, em desacordo com o contrato. Então, ela solicitou esclarecimentos da empresa.
A partir daí foi marcada uma reunião para o dia 26 de janeiro, depois cancelada sem justificativa. Foi então que a Brave parou de responder as solicitações da formanda.
Foram várias tentativas de contato, mas todas frustradas. Assim, o representante com quem a comissão teve contato chegou a relatar o desligamento da empresa, “por não concordar com algumas posições que a mesma vem tomando”.
A situação ainda se agravou, sendo que o saldo da conta dos formandos foi diminuindo, chegando a R$ 7.683,98. É esclarecido na peça que do montante arrecadado, R$ 152.400,04 já teriam sido usados em um evento.
No entanto, deveria haver na conta R$ 464.483,07, sendo verificado um desfalque de mais de R$ 450 mil. Por isso, o advogado pede na ação que o banco preste informações relacionadas às movimentações da conta.
Também foi requerido arresto cautelar dos bens da empresa, até o valor de R$ 700 mil – correspondendo ao valor que deveria estar na conta dos alunos e também acrescido dos danos morais sofridos.
Ao Midiamax, o advogado Leonardo Duarte citou que ainda não há decisão acerca da ação. Também não houve qualquer retorno da empresa Brave, por ligação ou mensagem.
A reportagem também tentou contato com a empresa, mas o telefone esteve ocupado em todas as tentativas. Ainda foi acionado o WhatsApp da Brave, que aparece online, mas também sem qualquer retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
Sonhos que viram pesadelos
Recentemente, suposto desvio de R$ 927 mil de fundo de formatura, por parte de estudante de medicina da USP (Universidade de São Paulo), deu o que falar na internet. A suspeita dos crimes seria a presidente da comissão de formatura.
Assim, o Midiamax fez um alerta, ouvindo empresários do setor de eventos de Campo Grande. Conforme Elaine Batista, empresária do setor de eventos há 20 anos e à frente de empresa Ticomia – voltada a formaturas sediada na Capital – a turma de medicina de Alicia Dudy Muller procurou a franquia da empresa onde trabalha, na sede de Campinas (SP), para fazer orçamento.
No entanto, acadêmicos optaram por cuidar do dinheiro por conta própria e fecharam acordo com outro empreendimento. Ainda segundo ela, o principal problema desse setor é a imaturidade dos acadêmicos.
Sendo assim, eles muitas vezes não leem o contrato direito e sequer acompanham as movimentações do próprio dinheiro. Além disso, jovens se deixam iludir por propostas fora do padrão, enquanto tem comissões que são compradas pela promessa de benefícios.
Há anos à frente do setor, Elaine já precisou assumir 8 turmas de formaturas que ficaram desesperadas com contratos não completos ou desvios de dinheiro.
Dicas para evitar golpes e frustrações
Segundo os empresários, os estudantes devem:
- Descentralizar a comissão e responsáveis por movimentações bancárias;
- Consultar históricos de empresas, CNPJ e ver se existe processo judicial;
- Pegar referências de antigos formandos que já contrataram determinadas empresas;
- Analisar contrato junto ao Procon e pedir direcionamento;
- Definir regras para movimentações bancárias.
Midiamax