Sem-terra protestavam contra o processo de impeachment de Dilma Rousseff, que o atual governo continua insistindo em chamar falsamente de “golpe de estado”
Escolhida pelo presidente Lula para assumir a Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Presidência, a coordenadora nacional do MST Kelli Mafort liderou pessoalmente, em 2016, a depredação da fazenda do coronel João Baptista de Lima Filho, amigo do então vice-presidente da República Michel Temer.
A invasão coordenada por Kelli não foi para conquistar novas áreas para a reforma agrária. A fazenda era produtiva e os sem-terra sabiam que não poderia ser desapropriada. Foi uma invasão política, para denunciar o que o MST chamava — e hoje o presidente Lula ainda chama — de “golpe” contra Dilma Rousseff. A ex-presidente sofreu processo de impeachment votado pelo Congresso Nacional, com a participação do Supremo Tribunal Federal, como determina a Constituição. Não houve golpe algum.
A fazenda invadida não pertencia ao então ex-vice-presidente Michel Temer, mas isso não importava. “A ocupação dessa fazenda é para denunciar a intervenção do agronegócio na articulação do golpe. Estamos aqui para denunciar as ligações escusas de Michel Temer com o proprietário da fazenda e sua empresa de fachada para arregimentar propina”, disse na ocasião a líder do MST.
Kelli estava à frente de um batalhão de mais de 1.000 pessoas que chegaram à “fazenda do Temer” em 33 ônibus com ar condicionado, vinte automóveis e “escolta” feita por motocicletas. Um dos manifestantes deu um tiro e furou a placa da entrada da propriedade, intimidando os funcionários. Em meio a ameaças e rojões lançados pelos sem-terra, os funcionários da fazenda tiveram de entregar seus celulares para o MST.
O resultado da invasão foi narrado em uma denúncia-crime apresentada à polícia. Além de várias pichações , os sem-terra depredaram veículos da fazenda, furtaram máquinas e ferramentas, mataram os animais e destruíram portas e janelas e espalharam excrementos em cobertores, travesseiros e camas das duas sedes da fazenda. Uma reportagem de VEJA publicada nesta semana mostra que o MST quer se distanciar desse passado.
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