Marcos Trad junto com seus apoiadores, estão utilizando uma narrativa que de certa forma engana a população do MS. Estão alegando que o inquérito está caindo por terra, sendo que na verdade o suposto crime prescreveu e não pode ser processado mais.
Não é que seja inocente, não é que as acusações são falsas, nem que ele seja a vítima. Mas sim que se passaram longos anos e ele não pode ser enquadrado como autor desses crimes dessas 6 denúncias.
Entenda que trata de arquivamento e não pode ser processado mais, não que o suposto acusado seja inocente como estão tentando fazer malabarismo:
O juízo a 3ª Vara Criminal de Competência Residual determinou o arquivamento parcial do inquérito contra o ex-prefeito de Campo Grande e candidato ao Governo, Marquinhos Trad (PSD). Denúncias de 6 mulheres não poderiam resultar em punição porque os supostos crimes prescreveram – quando expira o prazo para que alguém possa ser processado
Na decisão, cujo extrato foi divulgado no Diário Oficial da Justiça desta segunda-feira (5), a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna reconhece “a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva por parte do Estado e, consequentemente, julgo extinta a punibilidade de Marcos Marcello Trad” em relação a uma das denúncias, de tentativa de estupro.
Conforme a publicação, Marquinhos deixará de ser investigado por um segundo suposto caso de tentativa de estupro e ainda quatro acusações de assédio. As informações coletadas com essas vítimas não precisarão, porém, ser descartadas. “O arquivamento não importa na retirada do depoimento das mesmas do caderno inquisitivo, haja vista poderem figurar como testemunhas de outros delitos também objeto das investigações envolvendo outros investigados”, diz a decisão judicial.
O juíza também determina que as investigações sejam mantidas em segredo. “De ofício, visando impedir que o inquérito policial seja utilizado com conotação política, bem como para preservar as vítimas o bom andamento da investigação, determino que o inquérito policial tramite sob sigilo, sendo garantido acesso somente as partes envolvidas”.
As investigações – Conforme a última contagem a qual o Campo Grande News teve acesso, pelos menos 12 mulheres (e o marido de uma delas) procuraram a Polícia Civil para fazer denúncias contra o ex-prefeito por crimes sexuais que estariam acontecendo desde 2005.
O prazo de prescrição de um crime, antes do trânsito em julgado de uma sentença (quando não há mais como recorrer), depende do máximo da pena prevista no Código Penal. A punição para uma tentativa de estupro varia de 6 a 10 anos de prisão.
Todos os depoimentos são apurados pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e atrás de provas, equipes comandadas pela delegada Maíra Pacheco já realizaram duas operações – no dia 9 de agosto, quando foram cumpridos mandados de busca e apreensão no Paço Municipal, e no dia 31, quando o ex-servidor da Prefeitura de Campo Grande, Victor Hugo Ribeiro Nogueira da Silva, de 36 anos, foi preso.
A investigação foi aberta após as primeiras denúncias, feitas por quatro mulheres: duas de 32 anos, outra de 31, e uma mais jovem, de 21 anos. Marquinhos Trad admitiu relações extraconjugais, mas negou crime, classificando como mentirosas as denúncias de assédio sexual atribuídas a ele e estratégias de adversários durante campanha eleitoral.
No dia 26 de julho, as advogadas Andrea Flores e Rejane Alves Arruda, que defendem o ex-prefeito, afirmaram que o cliente é vítima de uma armação “vergonhosamente política” e que uma cafetina arregimenta garotas de programa para denunciá-lo.
Ex-prefeito Marcos Trad é acusado de assédio, entenda:
Em nota, a Secretaria informou que “existem procedimentos policiais que tramitaram em 2018 na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) e que à época foram remetidos ao Poder Judiciário, e procedimento [atualmente] em curso na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), que assim que concluído será remetido ao Poder Judiciário e Ministério Público, uma vez que o ex-prefeito não detém foro privilegiado”.
A menção ao foro privilegiado diz respeito a denúncias feitas à DEPCA em 2018, já que as supostas vítimas eram menores de idade. Na condição de prefeito, Trad só poderia ser investigado pelo Tribunal de Justiça, o que de fato aconteceu, sendo que supostamente o procedimento teria sido arquivado. Não há informações sobre o processo em função do fato de o mesmo ter tramitado sob sigilo. Naquele ano não houve disputa eleitoral.
Na nota, a Sejusp informa ainda que “os procedimentos ou tramitaram ou tramitam sob sigilo em face da natureza dos fatos, motivo pelo qual não é possível dar detalhe sobre os casos. As investigações seguem o curso normal de qualquer apuração em que figurem como vítimas mulheres, crianças ou adolescentes”.
Mídia nacional
As denúncias contra Marquinhos Trad vieram a público ontem por meio de matéria publicada no site Metrópoles pelo jornalista Guilherme Amado, que teve acesso aos boletins de ocorrência com as queixas prestadas pela quatro mulheres. A delegada responsável pelo caso, Maira Pacheco Machado, disse que os procedimentos atuais também seguem sob sigilo.
Transa no gabinete
As autoras das denúncias têm em comum o fato de serem pessoas humildes que em busca de emprego acabaram sendo vítimas de assédio por parte de Marquinhos Trad, uma delas dizendo que teria chegado a transar com o político em seu antigo gabinete na prefeitura.
Segundo o Metrópoles, uma delas, identificada como Ana (nome fictício, assim como os demais mostrados nesta reportagem), teria dito que Trad a levou ao banheiro do gabinete, tentou beijá-la, levou sua mão ao corpo dele, inclusive tentou passar a mão dela no órgão genital dele. Segundo a mulher, o candidato desistiu após ela ter se negado a manter relação sexual.
Já no depoimento de Carla, esta disse que sofreu assédio de Trad alguns meses após terminar a relação consensual e extraconjugal que tinha com o ex-prefeito. Em 17 de junho, argumentou a mulher, ele teria tentado beijá-la forçadamente no comitê de campanha dele.
A terceira mulher, Patrícia, fez um depoimento parecido com o de Carla. A única diferença das versões seria que Patrícia disse que o candidato ao governo não teria aceitado usar preservativo durante o ato sexual consentido mesmo diante dos pedidos dela.
Patrícia teria declarado ainda que foi quatro vezes ao gabinete de Trad após receber promessas de emprego dele — que nunca se concretizaram — e as relações sexuais teriam ocorrido nessas ocasiões.
Por fim, a quarta depoente, Rebeca, disse que nunca viu Trad pessoalmente, mas seu depoimento tenta reafirmar as declarações de Patrícia e Carla.
CPI do Gabinete do Assédio
No final da tarde de ontem, o vereador Marcos Tabosa (PDT) informou que diante da gravidade das denúncias irá solicitar ao presidente da Câmara Municipal, vereador Carlos Borges, o Carlão, a suspensão do recesso parlamentar para que as acusações contra Marquinhos Trad sejam investigadas na CPI do Gabinete do Assédio, cuja instalação ele irá requerer ainda nesta quinta-feira.
Apesar de não estar mais no cargo de prefeito, Marquinhos Trad pode ser alvo da CPI em virtude do fato de os supostos crimes terem sido praticados em pleno exercício do mandato.
Político nega
À imprensa, Marquinhos Trad negou todas as acusações. “Uma tentativa covarde, rasteira. Estão desesperados porque estamos em primeiro nas pesquisas, mas não conseguirão mudar a vontade da população de dar um basta nesta gente que administra pensando nos próprios interesses e é capaz de tudo para conseguir o que quer. Já tentaram isso em 2020 e a própria polícia considerou uma armação”, disse.
“Sigo com ainda mais vontade de trabalhar por nossa gente, corrigir injustiças, combater desigualdade. Pena os inúmeros casos de corrupção que fazem parte deste e do governo passado não merecerem tanto destaque, ainda que tenham custado vidas e milhões de reais dos cofres públicos”, finalizou.
Fonte: Vox MS
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